A história da fotografia é inseparável da evolução das câmeras fotográficas. Foto: Pablo Picasso, por Philippe Halsman
Em termos estatísticos, a câmera foi a forma maioritariamente escolhida de utilização para o suporte sensível, seja ele fotoquímico ou fotodigital.
Em certa medida, a câmera impõe o seu próprio código de representação, tendo sido pensada para conseguir imagens cada vez mais completas, perfeitas e reais.
Por exemplo, é raro o modelo, na atualidade, que não dispõe de automatismo que resolvem o problema da focagem, na profundidade de campo, do diafragma, da velocidade de disparo, do movimento ou congelamento da imagem e de medição da luz.
Os programas das câmeras modernas são para isso, isto é, decidem pelos fotógrafos, por exemplo, a utilização dos controles básicos da exposição e da nitidez, e, em consequência, a aparência da imagem final.
O ideal para este tipo de instantâneos é o ato que instintivo e que em muitos âmbitos fotográficos os fotógrafos amadores e profissionais deixou de fazer da linguagem de cada um. Para fazer uma fotografia, basta apertar o botão porque algo, ou alguém, se ocupa de fazer o resto.
Dessa forma o fotógrafo transfere a sua interpretação, talento e criatividade técnica para o padrão de exposição já imposto pelo fabricante de sua câmera ou celular.
Muitas imagens magnificas são resultado desta dependência tecnológica: os avanços nos sensores digitais, objetivas e câmeras ampliaram o universo do que pode captar-se e como deveremos fazê-lo a níveis dificilmente sonhados pelo fotografo artesanal do século XIX. Entretanto, os comandos automáticos pasteurizam a produção imagética, nivelando tudo por baixo.
Não podemos negar que a fotografia tenha mantido ou mantenha uma relação criativa frutífera com a tecnologia, mas sim o fato de ser não suficiente no momento de conseguirmos imagens sugestivas. A tecnologia deve ser o meio, o suporte da criatividade e talento do fotógrafo e não o fim para isso.
Muito pelo contrário, a massificação e a proliferação das imagens “perfeitas”, em termos de exposição, nitidez ou iluminação, deu lugar a correntes fotográficas nessas últimas décadas que privilegiam fatores que, pressupondo a lógica da câmera automática, e recentemente dos celulares, se afirmam como “erros vulgares” (tremor da câmera durante a exposição, desfocagem generalizada, fortes efeitos de superexposição e subexposições, manipulação dos processos habituais de edição de imagens, utilização de iPhones com filtros, apps e tudo que for possível para descaracterizar a imagem original.
O “errado” parece ser mais bonito e chama mais a atenção! Mesmo quando não são frutos do esmero técnico e criativo do fotógrafo.
O fotógrafo deve manter uma relação consciente com a sua câmera e não aceitar comodamente as decisões desta porque somente a ele sabe o tipo de imagem que procura: o grau perfeito de nitidez e densidade, o ponto de vista desejado e a perspectiva correta.
Claro que não podemos esquecer que uma fotografia é impossível sem um suporte sensível a luz. E a administração dessa luz deve ter seu toque pessoal, da mesma forma que o cozinheiro dá o toque final no preparo de seu tempero.
Mas, a boa fotografia deve ir além de tudo isso. Ela deve ter técnica, estética e conteúdo. Deve sobreviver gerações como os bons livros, bons filmes e boa música. Deve ter qualidade e ser referências, como os trabalhos dos grandes mestres. Causar impacto e despertar fortes emoções, ser sensorial, como nos grandes filmes, livros, música e obras de arte.
A Fotografia, ao contrário do que pensamos, não é uma cópia fiel da realidade fotografada. Isto porque a objetiva da câmera filtra e altera essa imagem e o sensor por sua vez a distorce, alterando sua cor, luminosidade e sensação de tridimensionalidade. Contudo, por mais que se queira apreender a realidade em toda a sua amplitude, qualquer tentativa técnica é inútil, mesmo porque cada um de nós a concebe de modo distinto. Segundo o grande mestre da fotografia Sebastião Salgado “Você não fotografa com sua máquina. Você fotografa com toda sua cultura. ”
E dentro desse conceito, tudo aquilo que não é real ou análogo, passa a estar a serviço das mitologias contemporâneas. Como os filmes Cult, por exemplo.
A Fotografia não apenas prolonga a visão natural como também descobre outro tipo de visão: a visão fotográfica. Esta, por seu turno, é dotada de gramática, estética e ética próprias. Saber ler, distinguindo o detalhe do todo, pode resultar num aprendizado sem fim e, então, aquela coisa que não tinha a menor graça para quem a observava, passa a ter vida própria.
A Fotografia não é realista, mas sim surrealista. Nativamente surreal. A subjetividade que lhe é própria pode mentir, provocar, chocar ou proporcionar prazer estético, e, também, manipular a opinião pública em favor dos interesses do próprio fotógrafo ou de seu cliente.
A imagem fotográfica não é, em absoluto, uma forma de arte. Como linguagem, ela é o meio pelo qual a obra de arte é realizada.
A Fotografia é sempre uma imagem de algo. Esta está atrelada ao referente que atesta a sua existência e todo o processo histórico que o gerou. Ler uma Fotografia implica reconstituir no tempo seu assunto, derivá-lo no passado e conjugá-lo a um futuro virtual.
Assim, a linguagem fotográfica é essencialmente metafórica: Atribui novas formas, novas cores e novos sentidos conotativos ou denotativos; comprova que a Fotografia não está limitada apenas ao seu referente.
Ela o ultrapassa na medida em que o seu tempo presente é reconstituído, que o seu passado não pode deixar de ser considerado e que o seu futuro também estará em jogo. Ou seja, a sobrevivência de sua imagem está intimamente ligada a genialidade criativa e ao potencial cultural e intelectual de seu autor.
Pense nisso antes de fotografar!
Extraído do:
Novo Livro Didático Fotografia Digital. Aprendendo a Fotografar com Qualidade. Autor: Prof. Dr. Enio Leite, Editora Viena, na Amazon! Veja link: https://shorturl.at/chFJQ
Aproveite para rever mais técnicas sobre fotografia nas suas apostilas, bibliografias e vídeos das aulas de fotografia dos cursos profissionalizante da Escola Focus – Focus Escola de Fotografia.
Hashtags:
#TécnicaFotográfica #HistóriaDaFotografia #Pablo Picasso #Philippe Halsman #SuporteSensível #FotoQuimico #FotoDigiral #Raro #Modelo #Atualidade #Focagem #Diafragma #escolafocus #focusEAD #enioleiteblog #focusescoladefotografia #focusfotografia #alunosfotografia #cursosfotografia #escolasfotografia #aulasfotografia #enioleite #enio #leite #cursosdefotografia #fotografiaprofissional #focus #escola #de #fotografia
Metatags:
Técnica Fotográfica, história da fotografia, Pablo Picasso, Philippe Halsman, Suporte Sensível, Foto quimico, Foto digiral, Raro, Modelo, Atualidade, Focagem, Diafragma, enio leite blog, enio leite fotografia, cursos de fotografia, aulas de fotografia, escolas de fotografia, fotografia publicitária, fotografia de moda, focus escola de fotografia, aula de fotografia, cursos de fotografia sp, escolas de fotografia EAD, escola focus, cursos de fotografia a distância, curso de fotografia online, aula de fotografia, enio leite
Comments